Mostrando postagens com marcador Pierre Cescâu. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pierre Cescâu. Mostrar todas as postagens

28 de abril de 2015

Tempestade de Epifanias

Cansaço era a palavra do momento. Vinha andando de longe, embora não pudesse mais lembrar da origem de sua viagem. Sua própria origem era misteriosa, no momento. Lembranças misturavam-se com delírios febrios e os objetivos iniciais da viagem se confundiam com desejos não realizados. Era um deus, no entanto, e era recipiente de poderes e potências nos quais baseava sua força.




comments

2 de outubro de 2014

Free Blues I


...

Cicios e susurros sobre devaneios românticos e sensações lânguidas. Poderia-se mesmo dizer que não existia mais romantismo, afinal, não era ela à cantá-los. E ainda, enquanto a voz suave incitava os cativos, tentei distinguir alguma fala, mas de seus lábios somente aquele magnético sorriso, convidativo como uma risada, falando em suas palavras não ditas. E mesmo que sujeita a si própria, sua presença, logo um não diria tratar-se de não sê-la, ela, senão a própria personificação da melodia que reverberava nas paredes do salão.

Passos deslizantes, por entre olhares violadores que pouco podiam fazer para chamar-lhe atenção. E quanto mais a chama de sua paixão queimava, mais pareciam ansiar seu calor. Vieram-me à mente e à língua aquelas e outras mais, ainda, palavras que de nada valeriam ao momento. No entanto, a sonsice das suaves insanidades sissibilantes em minha mente fôra rapidamente varrida de mim. Aquele momento não era meu, era dela. Valia mais à meus olhos juntarem-se à turba de olhares do que distraírem-se em tropeços que meus lábios pretendiam cometer.


Não que outros e outras não tivessem estes impulsos. Os tinham e os exerciam. Mas era uma atitude insensata... os ouvidos, naquele momento, não eram para ouvir quaisquer palavras de cunho pessoal. Ela sentou-se à meu lado.


Olhou ao redor, sem ver, e pediu algo, perceptível somente aos ouvidos sensíveis da jovem que movia copos e bebidas como panos e pincéis. Voltou o olhar para o salão, enquanto suas mãos deslizavam pelo balcão. Estava eu a observá-las ainda, de maneira pouco discreta, quando a música e o tom do ambiente mudaram abruptamente.

O suave movimento do momento, sedutor e envolvente como a fumaça, tornou-se mais vívido e aquecido. As vozes sem sons agora cantavam, ainda silenciosas, tentando chamar qualquer atenção, enquanto seus olhares se tornavam mais e mais vorazes. Eu observava-os com surpresa e espanto, até que meus pensamentos mais gentis ao ego e minhas vontades românticas me atiraram de volta àquela que mobilizava tão grande multidão. Me senti inesperadamente aliviado ao perceber que o gelo em seu copo era muito mais do que o calor estabanado dos desejos insaciados dos que não lhe interessavam poderia derreter.


Me senti mais confortável comigo assim, esperando o máximo de nada que aquelas tantas pessoas pareciam poder exercer. Deveria ser especial, ela, quem sabe? Apenas parecia não se importar com todas as vontades ardentes que à cercavam. E, tão convicto das radicais considerações sobre como ser ameno e não cometer os erros daqueles tantos, desisti de minhas vontades mais elaboradas, mantendo na mente somente a sugestiva estética que suas ações irradiavam.

E fui tão preciso e decidido em minhas ações, sob a música envolvente, que quase não a ouvi dizer "Olá", enquanto me olhava com olhos de cores familiarmente originais.


E de onde antes era só o silencio abismal agora ecoava aquele som...


L'aventure commence... 




... comments

4 de março de 2014

Uma Alegria

Ó, inconstantes e inconstantes seres humanos - seres vivos, pois quem pensa pensa consigo, mas quem sente, sente como tudo o mais que tem a capacidade de sentir - que quando buscam quaisquer razões, no passado ou na lógica, para exibir a face impassível da dor e do medo, prontos estão para fazê-lo, o contrário, ao simples impulso do riso. Pois que a insatisfação que assola àqueles cuja vida se faz existente vem como a espera de tudo o que satisfaz (ao ponto de transformarem a própria insatisfação em uma satisfação). Seres vivos, irriquietos, sempre querendo mais de alegria, a droga mais inebriante da existência, gastam seu tempo de prazer em prazer, de êxtase em êxtase, em incessante devoção ao que agrada. Que, pois, diga-se então que nem sempre triste ou alegre encontra-se o ser. Que, em sua busca pelo gozo, sofra sua abstinência... Que, em sua entrega ao desejo, sacie sua carência... Que, em sua agoniante, bela e confusa existência - e, de maneira tal, simplesmente por agoniante, bela e confusa a existência ser - aprecie ambos aspectos de seu tortuoso e breve vislumbre do mundo, como indivíduo que é. Pois, como ninguém é triste e feliz o tempo todo, e todo o tempo, que nenhum ser vivo possa esquecer que tristeza e alegria são, irreparávelmente e implacávelmente, partes da vida.


        Up...

                                                                ...and Down...

                                                                                                           ...and in the end...


 ...it's only Round and Round...



comments

14 de outubro de 2013

Gaiola

Quatro cantos do mundo em quatro cantos não muito distantes. Ele, determinado (sempre), alerta e consciente do que queria. Barras de metal entrelaçadas, jazendo invisíveis - e isto dado pelo tempo de sua existência - não o perturbavam. Já o interior de seu mundo era seu cubo mágico. Um ábaco onde calculava a probabilidade de suas felicidades. Companheiros vinham e iam, passando por seu olhar calculista. Julgava estar, no entanto, em melhor situação que aqueles. Não por ser arrogante, não o era, mesmo que assim transparecesse, mas apenas tinha confiança em suas constatações e ideias.

comments

27 de maio de 2013

Rastejante Cobra Rei




Do escuro, insinuante,
Rastejante, susurro em forma
Inebriante, de traço sem norma,
Sem braço, sem perna,
Vem e retorna,
Eterna

comments

11 de abril de 2013

Perdição

Sonhei obras para as quais não escrevi rascunhos,
Aguardando signicados que imaginava precisar,
Perdendo motivações que julgava não ansiar,
E na incerteza de segurar as mãos, cerrei meus punhos,

Duvidei, quando poderia ser,
Acreditei, quando não poderia ter,
Sentindo ser sempre menos que em meus sonhos,
Mas querendo ser muito mais que o realmente necessário,

Sofri mais que o devido,
Apenas por querer ainda mais paz,
Mais preocupado com o 'amor'
Do que com o 'amar',

E quando, por fim, achei tudo besteira,
E quis então apenas poder ser preto no branco,
De tanto rotular-me, julgar-me e corrigir-me,
Descobri...

Havia perdido minha cópia original...
comments

1 de novembro de 2012

Free Blues II

Sentado, ali, atordoado pela avassaladora realidade que podia enfim conceber, por detrás do fumacento e macio véu que cobria sua mente, tentou lembrar de quaisquer acontecimentos que pudessem ligá-lo ao agora. Não foi feliz em sua busca. Não lembrava a que horas havia deixado o lar, com que companheiros havia se embriagado, em quais sonhos esteve embargado ou para quais ofertas disse obrigado. A lua, isso era uma certeza, o acertava com assombrosa precisão, a luz prateada invadindo-lhe os olhos e o desnorteando ainda mais. Lá em cima, como um holofote, o astro dançava, em um firmamento de infinitas auroras e fogos de artifício.


comments

14 de setembro de 2012

Macabrae

No desespero caótico do pânico,
Recebo e ressôo o riso sádico
Causado pela libertinagem
Dos versos e estrofes
Que insistem em serem escritos
comments

2 de setembro de 2012

Os Evangelhos Revisitados - Viagens de Um Figura Qualquer




Pelo menos uma vez em nossas vidas surge-nos aquela ânsia de viajar, conhecer o mundo, desvencilhar-se de tudo e todos. E se a maioria não dá fundamentos à este sentimento maluco, pela pouca praticidade e alto risco que possa oferecer, talvez, há aqueles que não pensam duas vezes antes de darem realidade à estes desejos impetuosos. O relato que se segue diz respeito a uma destas viagens, quando um jovem, comum como todos os outros de sua época, decidiu que era a hora certa para merecidas férias.

comments

19 de julho de 2012

Solidão






Diga adeus às cascas. Na solidão não há cascas. Não há mentiras para si, à menos que você berre em pensamentos até se cansar e cair no sono. Mas aí terá que fazê-lo constantemente, diariamente. Na solidão há você... você com você mesmo. E o ser humano, este ser irriquieto, torna à revolver e remexer seus 'poréns' consigo mesmo, uma vez que na solidão você é todo ouvidos para si mesmo.

comments

1 de maio de 2012

Canônica Crônica Gnômica

O eco do som de seus passos traiam sua posição. Embora seus pés gnômicos não fossem de tamanho significativo, a serrapilheira, camada de folhas e gravetos no piso da floresta, rangia a cada avanço do gnomo viajante.

A floresta estendia-se já por várias milhas

comments

5 de fevereiro de 2012

Lágrimas de Chuva e Ecos Por Entre os Arranhacéus

Vinha devagar voando baixo,
Outros diziam: a praia é sua praia,
Mas a borracha do tênis queima o asfalto,
E eu estava com a minha laia,

comments

16 de dezembro de 2011

Vida Loka das Marés

À mil...

Vai vai...


Mil caretas...
Mil caretas...
Infinitos caretas...

Mil caretas para eles...
Enquanto todos os arquétipos e metáforas e clichês explodem
E o Rock'n'Roll realmente é um rock'n'rol
E uma garota realmente sabe beijar
Um beijo por tal qual eu trocaria um planeta
E as luzes estão apagadas
E a luz da lua domina o jardim
Deitados na grama
E tudo mais

E os caretas...
Mil caretas...
São mil caretas...

Fazendo mil caretas...

E o Rock'n'Roll está alto...
Mas eles não ouvem...
Se eles pudessem ao menos ouvir...
E as garotas caretas...
E os amigos caretas...
E eles são caretas de amor...
E uma luz do luar jamais será uma lâmpada fluorescente
E a luz so luar nem sequer será uma incandescente de 100 watts
Mas os caretas de amor não saberiam nem se fosse uma vela acesa...

E agora o maldito jump break...
E a risada... o jump break é a caretagem do blog do liberalismo
E a ordem no caos...
E nem ordem nem caos
Porque a ordem e o caos são dois
Como o dia e a noite são dois
E a praia e o mar são dois
E eu e você somos dois...

Mas os caretas...
E as caretas...
Ah, não... as garotas caretas... Não, não
Mas enquanto os Straits ainda forem os Sultões do Swing
Enquanto Chico leve para passeios na Manguetown
Enquanto Mercury nos anuncie o resultado do campeonato
Haverão as garotas...
As garotas com aquele beijo...
Sim... aquele beijo que você já sabe...

Cada verso é uma linha, cada linha vários pixels
Cada verso é um sentimento, cada sentimento é um entendimento
Cada verso é uma emoção, cada emoção é uma surpresa
Cada verso são palavras, cada palavra um mundo todo...

Na sua imaginação...

Let There Be Rock

PS.: Eu estava bem loco quando escrevi isto e estava ouvindo estas músicas no "headphone" Darth Vader no volume máximo, mas fiz de todo coração... Hey you: Let There Be Rock -(oh, achar o Jump Break bem loco foi foda, hein)

comments