Outros diziam: a praia é sua praia,
Mas a borracha do tênis queima o asfalto,
E eu estava com a minha laia,
Hitchcock e Homme tentando se entender,
Mais abaixo da veia produtiva,
Neurônios mais ligados que o usual:
Estaríamos sóbrios ou não?
Lágrimas de chuva,
Céu camuflando-se no cinza da cidade...
E o céu cinza era menor que o cinza da cidade
Mesmo que não fosse possível dizer se era bom ou ruim
Jogando palavras como se fossem cartas,
Cartas em branco, cartas marcadas, novas cartas,
Tantas cartas num jogo tão rápido,
Que mal poderia marcar-se registros,
Meus amigos, minha cidade,
Onde 20 milhões de corações batem em frenética desordem,
Mas olás e olhares sempre encontram-se facilmente,
Para o amor ou para a dor,
Zoando pelas ruas,
Zumbis de mentes cruas,
Zombando das torturas
Do cidadão civilizado
Dividindo drinks de heróis do ócio,
Dividindo a gula dos lanches matutinos,
Dividindo Led no violão à madrugada,
Dividindo o tempo...
Irmãos de virtudes e vícios,
Vícios virtuosos e virtudes viciadas
Enquanto displicentemente gargalhamos pela noite,
Guardados pela desatenção pré-programada do esperado
Enquanto me vejo sentado ao lado deles,
Divagando e perdido em memórias, talvez embriagado,
Mas tão embargado na sensação da coletividade,
Que me sinto infinitamente melhor quanto estivesse com outros mil ídolos e mestres,
Aos amigos da Terra da Garoa