17 de março de 2012

Sarcasmos de Vida e Ironias da Morte. (Parte 1)

Começa-se a morrer no nascimento

Tal sentença diversas vezes foi utilizada entre os homens de frases frias.

Mas a vida humana, vida essa com tantas possibilidades e caracteristicas ímpares, não poderia ter o fim desprezado. Se há beleza no nascimento, no minimo há detalhes interessantes e por que não
sarcásticos no derradeiro suspiro.



Seja o bom homem de aspirações divinas que vive a vida pra depois da morte ou o homem que vive os prazeres da carne aceitando a consequência que é falecer: todos estão sujeitos ao ponto final. Se você acredita que a ironia da morte carece de temas interessantes, conheça a seguir a história de vida e de morte de certos moribundos, narrada por um vivo não menos morimbundo que eles.

O Indigena

 Existia em Minas um rapaz que facilmente poderia ter existido na India. Delgado e sagaz, o corajoso Indiano mineiro se desaventurou pela vida até o final e talvez tenha sido o melhor a se fazer. Tomava um suco num fim de tarde. Aos 45 anos o máximo de perigo que a vida proporciona é uma tediosa rotina. O suco era ritual, toda tarde, todo dia, todo o copo. Já outros no passado conheceram o bagaço da laranja assassino, outros no futuro ainda conhecerão. O pobre desaventureiro desatento sugou mais suco do que a vida podia lhe permitir, engasgou e morreu ali na lanchonete de esquina. Que ironia ele não beber nada alcoólico, uma cerveja não lhe teria matado.

O ateu

 Dos desafortunados que vivem o ateu é o que mais tem medo de falecer, pobre coitado. Aos 57 o grisalho homem aqui retratado já tinha convencido muitas ex-almas sobre o ateismo. Almas livres e medrosas. Aproveitava a vida em respeito a morte, evitando as limitações religiosas. Que artimanha poderia prever o pobre destino do senhor sem alma, que andando de carro sob efeitos maroleiros entrou numa rua desatento e atropelou uma procissão inteira. Preso e falecido na cadeia. Seus amigos de cela o cremaram e realizaram o ultimo desejo do detento: prensado numa paranga, foi fumado no role.

P.O.T.H.E.A.D.F.A.T.J.E.W

 Um homem pode morrer de diversas maneiras, judeu então, de maneiras mais variadas ainda considerando o histórico desfavorável. Era um grande homem, amava seus amigos, fumava seus charutos e se assustava fácilmente. Uma pena um homem não morrer pelos seus vicios, tornando-os desnecessários. Há 65 anos gaguejava em suas frases, eram belas frases. Mas como toda gagueira tem o seu ápice, justo a frase mais bela não pode ser terminada. Entalou o pobre coitado, que metralhando silabas no ar deixou todos pasmos, até ali não se tinha noticiado alguém que morresse de gaguejar.

(continua ...) comments