A floresta estendia-se já por várias milhas |
Já estava viajando havia tempos, desde que se conhecia por gente, e havia visto muitas coisas. No entanto, não havia visto mais que uma parte ínfima do que acreditava que ainda deveria ver. Caminhava por entre as sombras dos cogumelos que margeavam o caminho, apenas parcialmente visível. A floresta era, no entanto, calma e tranquila, e o jovem gnomo viajante andava despreocupado, com a mente em diversas aventuras de outrora.
Lembrava-se da vez em que, com seus amigos Fehko, B'ren-So e Titos - amigos de sua cidade natal, Moquestra - foi ver o fogos élficos da cidade de Venidah-Paulsta. Acidentalmente barrados por uma turba de orcs que logo os haviam cercado e já reviravam seus pertences, os orcs teimavam com o protetor de água cadente do gigante (para padrões gnômicos) Titos, que tinha seus sapatos irreparavelmente desamarrados. Após escapar dos frenéticos orcs, preparavam-se para assistir o espetáculo de fogos élficos quando foram surpreendidos por uma forte torrente de água cadente. Terminaram a noite abrigando-se abaixo do puleiro de dragões-carruagem, deliciando-se com a fruta da rara planta de Algodoncudoce, que compraram de um peregrino que pela escura via passava. Na noite chuvosa, riram e conversaram, envolvidos pelo denso vapor branco que subia.
A escura viela por onde os jovens gnomos escaparam |
Os pensamentos do jovem gnomo voavam longe, enquanto percorria o caminho escolhido. Lembrava-se agora, em sequência, de seus amigos de sua cidade natal de Moquestra. Lembrou-se da vez em que, com seu colega Seppêh, foram aventurar-se na Selva dos Animais Enclausurados depois de uma longa procura pela Planta Sagrada da Visão Turvada, no estranho bosque de Arturius. Os orcs que tomavam conta do local - a Selva dos Animais Enclausurados - logo apressaram a visita dos embasbacados gnomos, que à todos os animais observavam. No entanto, mesmo em face da barreira òrquica que era formada, em uma movimento rápido de Seppêh, domesticaram uma Girafa-Cachôrrica que por ali passava, ao atraírem o animal com alimento habilmente lançado à sua boca. Conseguiram se safar enquanto fugiam montados na Girafa-Cachôrrica, enquanto desapareciam nas densas nuvens brancas.
Girafa-Cachôrrica, habilmente capturada por Seppêh em um lançamento preciso de alimento em sua boca |
O jovem gnomo viajante ria das aventuras tidas, enquanto caminhava pela densa bruma branca da floresta e lembrava-se de seus companheiros. Já vinha logo à mente a reunião bárdica na qual havia ido com seus amigos Mu'ril-Osoh, Cornad, Pal'étch, Jewel e Môa'b. Reunidos na cidade de Extudius, contratados para embalar um festival. Criaram um bárdico Blues, liderados pelo vocal de Titos, enquando mesclavam de maneira confusa e surpreendentemente efetiva seus diferentes estilos bárdicos. Tocaram noite adentro, envoltos pela densa condensação branca.
A galera detonando um Blues gnômico |
E tinha ainda muitos amigos mais, de muitas aventuras tidas em vários lugares diversos como o Planalto das Nuvens Brasílias e os Recifes da Sobrevivência Árdua. Tinha os pensamentos longínquos e, ao mesmo tempo, observava as belezas do caminho. Mas tão disperso era seu estado de espírito que somente percebera estar perto de seu objetivo quando o cheiro familiar de água salobra invadiu-lhe as narinas. Seguiu o caminho por mais alguns passos e enfim havia chegado à costa, pouco antes do sol poente.
Enfim havia chegado à costa, o jovem viajante Gnômico |
Aqui deveria esperar pelo barco que o levaria ao próximo lugar onde aventuraria-se. Percebendo que seu transporte ainda tardaria à chegar sentou-se debaixo de uma torta palmeira à beira da praia, depois da faixa de floresta. Estendeu uma toalha sobre a fina areia da praia e tirou da mochila alguns pertences, que logo dispôs à sua frente.
Uma garrafa do Vinho de Amoras Frescas ganho de presente das Ninfanofadas das florestas distantes ao leste. Um pedaço do famigerado Bolo de Ervas Grossas dos Goblins Enfumaçados dos penhascos ao norte e um artefato semelhante à uma longa flauta.
Comeu uma modesta parte de seu pedaço de bolo, que engoliu com a ajuda de um generoso gole de vinho. Botou seu violão em seu colo e deixou o pensamento voar de volta à todos aqueles que já havia encontrado em sua jornada e agora estavam distantes, entre eles, seus preciosos amigos da cidade de Moquestra. Lembrou-se de sua família, paixões e amizades, e sentiu a profunda e típica saudade aferroar-lhe o peito. Eram saudades tremendas, tão profundas que, de tempos em tempos, faziam-no pensar em abandonar suas peregrinações e fixar raízes. No entanto, era justamente pelo amor e respeito que tinha por todos aqueles e aquelas que admirava que podia continuar viajando pelo mundo, sempre consciente de que aqueles e aquelas que amava sempre o acompanhavam em pensamento e consideração.
Em sua última reunião, os compatriotas gnômicos reuniram-se para capturar um raro exemplar de Macaco Ártico |
Lembrou-se de seu último encontro com seus amigos, o qual até foi marcado pela participação de seu irmão Ythzak, outro grande amigo gnômico. Lembrou-se então, dinâmicamente, de suas felicidades pelo mundo e pelas felicidades que ainda haveria de ter, bem como os próximos amigos gnômicos à serem feitos. Apanhou de sua mochila uma mecha de Fogo Mágico e acendeu um chumaço de plantas que jazia na ponta de sua flauta. Tragou com segurança e tornou à tocar uma melodia em homenagem à todos aqueles e aquelas que trazia nas lembranças, enquanto se via envolto na densa fumaça branca.