4 de março de 2014

Uma Alegria

Ó, inconstantes e inconstantes seres humanos - seres vivos, pois quem pensa pensa consigo, mas quem sente, sente como tudo o mais que tem a capacidade de sentir - que quando buscam quaisquer razões, no passado ou na lógica, para exibir a face impassível da dor e do medo, prontos estão para fazê-lo, o contrário, ao simples impulso do riso. Pois que a insatisfação que assola àqueles cuja vida se faz existente vem como a espera de tudo o que satisfaz (ao ponto de transformarem a própria insatisfação em uma satisfação). Seres vivos, irriquietos, sempre querendo mais de alegria, a droga mais inebriante da existência, gastam seu tempo de prazer em prazer, de êxtase em êxtase, em incessante devoção ao que agrada. Que, pois, diga-se então que nem sempre triste ou alegre encontra-se o ser. Que, em sua busca pelo gozo, sofra sua abstinência... Que, em sua entrega ao desejo, sacie sua carência... Que, em sua agoniante, bela e confusa existência - e, de maneira tal, simplesmente por agoniante, bela e confusa a existência ser - aprecie ambos aspectos de seu tortuoso e breve vislumbre do mundo, como indivíduo que é. Pois, como ninguém é triste e feliz o tempo todo, e todo o tempo, que nenhum ser vivo possa esquecer que tristeza e alegria são, irreparávelmente e implacávelmente, partes da vida.


        Up...

                                                                ...and Down...

                                                                                                           ...and in the end...


 ...it's only Round and Round...



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