4 de março de 2014

Uma Tristeza

Dos sentimentos que atingem os animais, sei lá quais animais, pudera eu adivinhar se passarinho fica triste, de todos eles, a tristeza talvez seja o mais constante. Nada mais fiel que a tristeza num fim de feriado, ou aquela manhã triste de domingo - a amante eterna do homem em qualquer condição se chama tristeza. Quem afinal pode-se enganar ao ponto de evitar ficar triste? Talvez seja esse homem também aquele que não se lembra, ou o que não planeja. Pois todos os outros em pelo menos uma dessas condições tem seu peito apertado no dia cinza, numa melancolia inexplicável. Por que diabos teria Deus inventado a tristeza incômoda dos supostos dias felizes? Aquela tristeza ingrata que tira a esperança do homem. Ao homem que após um dia belo de sol se seguiu um tempo fechado no peito, a este homem que os detalhes mancham seu humor. Na tristeza se vai aos limites, na tristeza alguém acostuma-se consigo mesmo, na tristeza encontra-se qualquer hora até conforto, uma solidão jazzista, um blues triste de perda, que traz paz, a saber que não se pode piorar e que somos assim pois nunca estamos satisfeitos.

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