19 de julho de 2012

Solidão






Diga adeus às cascas. Na solidão não há cascas. Não há mentiras para si, à menos que você berre em pensamentos até se cansar e cair no sono. Mas aí terá que fazê-lo constantemente, diariamente. Na solidão há você... você com você mesmo. E o ser humano, este ser irriquieto, torna à revolver e remexer seus 'poréns' consigo mesmo, uma vez que na solidão você é todo ouvidos para si mesmo.



Na solidão suas frustrações arranham a mente. Se você não é capaz de conviver com elas é aqui que elas ecoam de maneira ensurdecedora. Se você as conhece e respeita é aqui, na solidão, que elas sempre voltam pra bater papo. Vem e perguntam "E agora, José?". Na solidão o medo e a insegurança estão sentados na mesa, jogando cartas com você. Não como inimigos, à menos que você os trate desta maneira, mas como partes inerentes de seus desejos e vontades.

A solidão pode ser constante, mesmo se você estiver cercado de pessoas. Na solidão você realmente chega à conhecer você, de uma maneira que ninguém mais conhecerá. Para sobreviver na solidão talvez seja preciso ser o oposto do que se é quando em conjunto. Talvez para um corajoso seja necessário ser um covarde, talvez vice-versa. Na solidão o único padrão é você. Se for tendencioso, radical ou indeciso só afetará você e ninguém mais. Quaisquer mágoas e ressentimentos advindos de estar só somente poderão ser atribuídos à você.

A solidão geralmente se faz perceber quando a atenção está voltada para si. Certos sentimentos podem, imediatamente, reverter os pensamentos para si. Vergonha, medo, insegurança, orgulho... Alguma coisa não condiz com o esperado/planejado/entendido e você já pode estar sozinho. Um mecanismo natural, agravado pela tristeza ou melancolia, se sentir sozinho é um meio de voltar a atenção à assuntos que dizem respeito apenas à si mesmo. Lá, no ambiente vazio que apenas você ocupa, os sons de suas soluções, desculpas e razões reverberam nos limites do ego. Lá, o 'você' busca as respostas para seus próprios dilemas e problemas.

Estar sozinho requer o pleno apreciamento de si mesmo, para o bem ou para o mal. Talvez você não se suporte sozinho, talvez seja o único lugar onde possa habitar tranquilamente. Por vezes a solidão poderá ser um ou outro, dependendo do veículo que o trouxe aqui.

E você? Está pronto para estar só? Se sente em mente sã para trilhar caminhos que ligam partidas e chegadas que você mesmo inventou, em sapatos e solo que seus próprios conceitos construíram? Pode encontrar na solidão o que procura, mesmo que seja apenas um segundo ou então uma emoção? Está pronto para ser você, com toda a carga que você traz para si?

Saiba, você não é o único... somos 7 bilhões (e contando). Sete bilhões, sós, em um momento ou outro de nossas vidas. Sete bilhões buscando abrigo ou liberdade de lugares que não existem no espaço real, apenas no quadrado imaterial que produzimos em nós mesmos, onde nos escondemos ou confinamo-nos.

Minha opinião, como escritor, é que, em como todos os aspectos da vida, qualquer e toda dimensão pode ser explorada para nosso crescimento ou auto-destruição. Esta última frase, no entanto, tem o peso de um ego, e deve ser tratada como apenas um ponto de vista. Talvez o segredo seja ignorar a solidão... Talvez...

Você que está só... agora que está aqui...

... e agora? comments