29 de janeiro de 2013

As Ciências Sociais - Uma Introdução a Ideologia

  A ciência social tem base empírica e função prática/lógica quando compreendida corretamente sem ferramentas metafísicas do pensamento puro e suas concepções quase que espirituais.
  É uma ciência por excelência e não deve em importância a nenhuma outra de cunho matemático e aparentemente mais prático – é na verdade apenas diferente, ora se não é em essência o estudo que trata das relações entre indivíduos e das estruturas organizacionais de aglomerados humanos com diversas finalidades e métodos, que cuida de analisar o intercâmbio desse individuo com a sociedade (e vice-versa) e até onde ele é limitado por tal meio (tido não como essência dada, mas sim herança histórica) e sua capacidade de altera-lo, considerando as ferramentas práticas e reais das quais dispõe.
  A ciência social junto com a economia utiliza da história, da distribuição e das relações de produção, bem como outras ferramentas análogas de igual importância, adquirindo assim um valor imprescindível nos temas que permeiam a vida de cada homem e aos quais invariavelmente nos submetemos.

  Descobrir todo impulso humano é essencial para descobrir o processo que dá origem às suas ações, é estudar os caminhos dos rios que desaguam no mar.
  Mas o estudo desse mar, suas divisões e particularidades, o quanto determina e o que lhe determinam – isso é em essência um estudo econômico e social – se pensarmos no mar como o conjunto dessas ações. Introduzo a este conceito para dizer que as ciências e métodos não se sobrepõem, mas sim estudam momentos diferentes, bem como áreas diferentes da vida humana e da natureza. Juntas seguem o ingrato caminho de se aproximar do que é real e, sendo a velha filosofia de assuntos ‘puros’, metafísicos, ilusórios, limitados e distantes a parte das ciências humanas que é a nós inútil  resta aquela que de fato estuda o que é palpável, uma ciência da história e que qualitativamente pode nos ensinar a bendizer o futuro, alterando os alicerces do presente com base em conhecimentos adquiridos da correta análise do passado.
  Tal matéria é gasta e assobiada foi por Marx e outros mais há bastante tempo, retomo-a aqui pra reafirmar a importância do estudo que trata das reais relações e suas desambiguações práticas, emancipando assim a vida do homem não com conceitos ideológicos e febris, cujo raciocínio contém apenas arrogâncias de filósofos e abstrações desnecessárias, mas que vise a vida plena e o bem estar.
  O estudo das relações de produção, do processo produtivo em si, das forças produtivas, das ferramentas de dominação, da divisão do trabalho, da partilha dos bens e propriedades e de como ela se deu durante a história: tudo isso é estudo econômico, mostrando assim que, apesar de estar como as demais ciências submetida ao capital e sendo vista pelo prisma do capitalista como mera profissão na manutenção do mesmo, a economia se torna protagonista quando utiliza seu método em certas relações específicas dos indivíduos  É o estudo de tudo o que é socialmente real e que permeia nossas vidas diariamente. Seus objetos de análise são assuntos que determinam em muito todo rumo de nossa vida já que o trabalho é atividade essencial na característica humana de produzir os próprios meios de sua existência.
  O clichê ‘’[...]definida como a ciência que estuda a forma como as sociedades utilizam os recursos escassos para produzir bens com valor e de como distribuem esses mesmos bens entre os vários indivíduos. ’’ em muito resume e, sendo a vida real também econômica, cada ser um ser econômico, se relacionando economicamente diariamente por meio do seu trabalho, suas trocas, com pessoas economicamente equivalentes segundo a divisão vigente - possibilitada pela distribuição que o sistema atual impõe - e assim, sendo moldado a toda hora por fatores estudados pela economia e também economicamente alterando esses fatores, assumimos a qualidade dessa abordagem e a importância de aprimorar seu método.
  Os tipos de pessoas que você convive, seus amigos e suas possibilidades em geral – tudo o que você atribui a uma individualidade imaculada e sábio destino, na verdade é um caos que têm seus limites de ação (espaço amostral) delineados por alguns fatores, sendo um dos principais a determinação econômica. Sou amigo do Mohamed Daqui, além de alguns outros fatores caóticos, por sermos de uma classe social específica, que nos condicionou a estudar numa escola também específica (própria pra essa classe).
  Se um de nós estivesse em posição mais ou menos avantajada não conviveríamos nos mesmos ambientes e assim provavelmente não existiria nem este blog.
  Esse determinismo social é uma particularidade de sistemas econômicos desiguais e exploradores, que faz com que não apenas acontecimentos aleatórios e limites naturais se imponham sobre a vida das pessoas, mas também o poder aquisitivo, que nessa organização social têm importância direta na mobilidade e na liberdade decisória. (Possibilidades de consumo, divisão do trabalho, convivência, conhecimento, religião – tudo isso ainda em muito se atrela ao status quo e compõem as barreiras impostas pelo capital e pela propriedade privada conquistada através da exploração e mantida também por ela)
  As ciências tidas como práticas (exatas ou naturais) produzem tecnologia e bem estar, mas se não acompanhadas de verdadeira consciência são inúteis na tentativa de vida melhor, os homens se mantém apáticos e a exploração massiva, a História é pras ciências humanas o que a Natureza é para as demais e ambas devem juntas caminhar para a busca da verdadeira qualidade de vida, o trabalho e a produção dos meios de existência é apenas alienação e tecnologia vazia quando não acompanhados por reflexão.
  O próximo texto irá conter um rápido relato sobre o conceito de Ideologia elaborado por Marx e Engels, que dissecam essa ferramenta de domínio e de como ela nos engana, afastando-nos da verdade e dando motivos ilusórios a processos contrários a esse motivos. Como leitura póstuma recomendo “A Ideologia Alemã” desses mesmos autores que utiliza de devido rigor cientifico ao tratar do assunto e como leitura complementar, alguma pesquisa mais geral sobre o conceito de dialética em Hegel, ao qual Marx se opôs, sendo o fruto dessa oposição o conceito de materialismo histórico.
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