Olá, acho que este é o primeiro texto sério que escrevo para este blog, não sou uma pessoa de me expressar por palavras, porém agora que o resultado das manifestações iniciais, sobre os “R$0.20” ou revolta da salada como foi adotada nas redes sociais, foi um resultado promissor para nós, uma pergunta paira no ar:
E Agora? |
Bom eu li muitos comentários de pessoas perguntando isso em
grandes portais, ou até mesmo nas redes sociais. Geralmente alguém dava na lata
uma resposta como: “não podemos parar, agora é a hora de continuar”; “agora
vamos derrubar a m***a da ~cura gay~”; “PEC 37?”; Concordo que ambas as ideias
citadas pelos outros manifestantes são boas e necessárias, como a da tarifa
também foi, porém eu pensei em algo diferente.
No Brasil, o sistema eleitoral é feito por voto
proporcional, resumidamente falando, é o sistema conhecido por eleger uma lista
de candidatos de um determinado partido, e permite, em teoria, uma maior
representação das minorias, e uma representação muito mais precisa das corrente
minoritárias. Show de bola, teoricamente está tudo bem. Infelizmente muitas
pessoas esquecem de como esse sistema funciona de fato.
Para exemplificar melhor isto, imagine que temos um partido
qualquer, a maioria dos candidatos desconhecidos ou não tão representativos na
sociedade, este partida utiliza de uma estratégia que basicamente se resume a
escolhe de um “ícone” para representa-lo durante as eleições. Este “ícone” é
muito querido na sociedade, ele de alguma forma atrai muitos eleitores, ele é
uma “aposta com 100% de acerto”, agora pela lei, este candidato precisa de por
exemplo (valor fictício) 100.000 votos para ser eleito, ele consegue esses
100.000 votos facilmente, ele por incrível que pareça conseguiu 1.000.000(um
milhão) de votos. A diferença de votos vai diretamente para o partido deste
candidato, onde o partido separou uma lista de candidatos para essa eleição, os
votos então são separados para os demais candidatos. A lista desses candidatos
é pouco divulgada, ou simplesmente não está tão visível para todos da
população.
Resumindo você vota pra um candidato e leva outros
candidatos que você nem tinha conhecimento, ou se tinha, talvez não queria
eleger ele.
Aqui entra as maracutaias que vemos na TV, nos jornais, em
todo lugar. Desde venda de posições políticas ou cargos profissionais até
esquemas maiores que vemos sempre.
“O Bonde ta formado, e vc nem ta ligado” |
Esse é o processo de eleição que define nosso setor
legislativo (vereadores, deputados estaduais e deputados federais), que de
fato, é o setor que o nosso país necessita de manutenção, pois ele que faz o
país “andar”
.
“TA MAS QUE MERDA VC QUER DIZER?”
O ponto que quero afirmar é que precisamos nos movimentar
para alterar essa atual situação, isso não é simples, pois quem está nos altos
cargos, literalmente se apropriou desse espaço, alterando apenas nomenclaturas
“fulas”, pulando de senador para deputado, de vereador para deputado, enfim...
Para isso devemos mudar o modo que eles se estabelecem, o
modo que eles ocupam facilmente o poder e dificilmente são retirados. Alterando
o modo como esses elementos são eleitos, alterando a forma de eleição,
aplicando uma reforma eleitoral.
“Não adianta tirar um “Sarney” a força, sendo que na próxima
eleição ele se elege em algum cargo nas custas de outro”
Em alguns países europeus, como Inglaterra por exemplo, o
sistema eleitoral é feito por voto distrital, onde são eleitos distritos e cada
distrito elege seu representante por maioria simples, por exemplo a eleição
para a Câmara no estado de São Paulo. Ao invés de todos os candidatos
concorrerem no estado todo com 70 vencedores, o estado seria dividido em 70
distritos. Cada candidato concorreria em apenas um distrito, e cada distrito
elegeria apenas um deputado ou deputada. Esse tipo de eleição combate
diretamente o acesso dos corruptores a cargos do governo, pois em cada eleição
além do candidato votar a favor de um parlamentar, ele automaticamente vota
contra diretamente outro, logo se o cidadão está infeliz por “n” motivos com
tal representante, ele escolhe o outro. Aqui você sabe quem está no poder, o
deputado e quem o deputa firmam conexões mais fortes, pelo contato direto que
ocorre, por ser o único responsável pelo distrito.
Essa já seria uma boa solução, porem como nada é 100%
perfeito, esse método leva para um desproporcionalidade, desfavorecimento das
correntes minoritárias e ao favorecimento dos interesses locais ou regionais. A
corrupção seria drasticamente diminuída, porém temos pontos que podem ser
considerados pontos negativos por muitos (inclusive por mim).
Na Alemanha um misto de voto distrital e proporcional foi
escolhido com o passar do tempo: parte dos deputados (ou vereadores) seriam
eleitos em distritos uninominais, e parte deles seriam eleitos em votos
proporcionais. Neste caso teríamos um controle maior, porém não completo da
situação eleitoral, mas com um possível equilíbrio alterando a predominância de
um sistema sobre o outro.
Uma eleição mista de voto distrital e voto proporcional
seria na minha opinião, a melhor escolha para nós brasileiros reivindicarmos se
realmente queremos ver o Brasil mudar. A sujeira está lá encrustada nas
cadeiras do governo. Começamos a caminhar, e espero que este seja o caminho para a “limpeza”. E nada melhor, como alterar o modo que essa "sujeira" chega e se estabelece
lá...