7 de dezembro de 2012

A MORTE IMBECIL



Ela está no ar, na forma de um paralelepípedo parado ali por semanas, um pneu careca de um Fiat Uno, uma briga de bar sobre o impedimento daquele jogo do domingão entre Corinthians e o 15 de piracicaba, ou até mesmo no simples engasgar com uma batatinha em conserva.

Ela está por aí, quase como uma força do universo e mais pura prova do caos, traz consigo uma vergonha inerente e uma porção de piadas dos espíritos de porco que não deixam passar.

Ela é o evitável inevitável, vem tão sorrateira e muda que não conseguimos nos defender, vestida de ironia e coberta pela nevoa do improvável, a maldita morte imbecil.

Em tempos antigos, era preciso ser muito mais cauteloso do que hoje em dia, temos o privilegio de contar com grandes aparatos tecnológicos e médicos para evitar tais babaquices, mas houve um tempo caro leitor, que se morria por muito pouco mesmo.


Allan Pinkerton, famoso por criar a agência de detetives que levava seu nome, morreu de uma infecção após morder a própria língua quando escorregou na rua. 

O famoso destilador de whisky Jack Daniel decidiu ir trabalhar mais cedo numa manhã de 1911. Quis abrir seu cofre mas não recordava a combinação. Enfurecido, Daniel esmurrou o cofre e quebrou o dedão que infeccionou causando a sua morte.

E como não citar o grande rei do Reggae?


Tendo originalmente recebido o diagnóstico de melanoma num dedo do pé, Marley recusara o tratamento devido às suas crenças rastafarianas: "Um rasta não aceita a amputação"

Veja leitor, que as vezes a morte imbecil vem vestida de justiceira, para fazer de exemplo essas pobres vidas que tiveram ideias ridículas.

Existe alimentação normal, existe gula e existe o Rei Adolfo Frederico da Suécia. Em 12 de fevereiro de 1771, o rei sentou para uma refeição… e nunca mais levantou da cadeira. Depois de uma refeição digna de rei, composta de lagosta, caviar e champagne, ele decidiu fechar a conta com algo doce. Adolfo conseguiu consumir 14 travessas de Semla, um doce cremoso servido numa travessa com leite quente, antes que seu sistema digestivo falhasse.


E como esquecer a estupidez assassina Brazuca? Que marcou a história e os corações risonhos de todos nós.

O voo do padre Adelir de Carli, feito com balões de gás coloridos, em 20 de abril de 2008, em Paranaguá (PR), terminou com o desaparecimento e a morte do religioso. Durante meses, ele foi considerado desaparecido e várias frentes de buscas foram realizadas até a localização do corpo em Macaé, no Rio de Janeiro, em 29 de julho do ano passado.



Mortes como estas não faltam em nossa história, a morte ridícula é a prova da mediocridade da vida, cruel, irônica e risonha. Ria enquanto pode leitor, pois ela está mais viva do que nunca, na espreita pronta pra te abater no vacilo, maldita seja a morte imbecil.


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